Não é de hoje que os maiores inimigos do Brasil, os brasileiros, tentamos destruir a Pátria.
Vangloriamo-nos por não padecer, sequer eventualmente, de furacões, vulcões, tufões, tsunamis, terremotos, tornados, ciclones, etc., sem darmos conta que os desastres que nos infligimos são até maiores: destruímos em tempo integral.
Sempre que algo de bom nos ocorre ou só tenha alguma possibilitada, o autor maior da proeza é aniquilado. Ocorreu com Getúlio (levado ao suicídio, ao querer abolir a Escravidão), com Jango (assassinado, por querer quintuplicar nossas possibilidades agrárias com uma sagrada reforma agrária), com Juscelino (assassinado, querendo o progresso), com Lula (preso, por querer elevar o País ao Primeiro Mundo) e com Oswaldo Cruz (desmoralizado, por ter sido, de fato, nosso verdadeiro Salvador da Pátria).
Como o ocorrido com o cientista, está quase esquecido, nos prolongaremos um pouco mais sobre ele:
Foi no início do Século XX e sua história não difere muito das demais.
A cidade do Rio de Janeiro, capital federal do Brasil, precisou combater a peste bubônica (a peste negra da Idade Média), uma doença letal que em meados do Século XIV dizimou mais de um terço da população européia e oferecia reais riscos de, literalmente, tirar o Brasil do mapa.
Sob orientação de Oswaldo Cruz, médico, sanitarista, diretor-geral da saúde pública, realizou-se uma campanha de caça aos ratos, por ser a pulga do rato o principal agente transmissor da doença.
O governo do Rio de Janeiro, estabeleceu à população a meta de cada voluntário, ou morador da cidade, eliminar cinco ratos por dia. O cidadão que conseguisse eliminar oito ratos receberia 300 réis do governo por cada animal acima de sua cota (faturava-se do governo 900 réis pelos três ratos a maior, valor provavelmente muito próximo da famigerada Bolsa Família de nossos dias).
Com a participação dos desempregados, dos boêmios e dos malandros a medida transformou o Carnaval em uma festa contínua, de ano inteiro.
Permitiu-se a rara oportunidade de se ganhar um dinheirinho a mais.
O maior problema foi o carioca que, tendo por lema levar vantagem em tudo, passou a criar seus próprios ratos para vendê-los ao governo.
De tal maneira que o estipulado por Oswaldo Cruz, visando extinguir a doença, aumentou a população de ratos, que se proliferaram enormemente por sua altíssima capacidade de procriação.
Como sói acontecer, a história chegou até nós com o herói se passando por incompetente ou com os pobres tidos como os únicos culpados. Os ricos nunca são responsabilizados pelas más condições de salários e oportunidades que lhes oferecem.
E todos pagam a conta.
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