Precarização do Salário

Efeitos das crises sobre a parcela mais bem remunerada da classe trabalhadora

Precarização do Salário, Engenheiros Crise. Fonte: Fisenge
Precarização do Salário, classe trabalhadora (Engenheiro). Fonte: Fisenge

Precarização do Salário, classe trabalhadora (Engenheiro) Crise. Fonte: Fisenge

“Da combinação total dos salários pagos aos trabalhadores dos diversos ramos da indústria, infere-se […] que a média mais alta de salário diário é: 1,56 franco para os homens, 89 cêntimos para as mulheres, 56 cêntimos para os rapazes e 55 cêntimos para as moças. Calculados sobre essa base, os rendimentos da família chegariam, no máximo, a 1.068 francos anuais […].

No orçamento doméstico considerado típico incluímos todas as fontes de receita possíveis. Mas, ao atribuirmos um salário à mãe, privamos a administração doméstica de seu comando; quem cuida da casa, quem cuida das crianças pequenas? Quem deve cozinhar, lavar, remendar a roupa? Esse dilema se apresenta cotidianamente aos trabalhadores.”

O orçamento da família é o seguinte:

o pai 300 dias de trabalho a 1,56 franco 468,00 francos

a mãe 0,89 “ 267,00 “

o rapaz 0,56 “ 168,00 “

a moça 0,55 “ 165,00 “

Total 1.068,00 “

A despesa anual da família e seu déficit seriam, caso o trabalhador tivesse a mesma alimentação:

. do marinheiro 1.828 francos Déficit de 760 francos

. do soldado 1.473 “ “ 405 “

. do presidiário 1.172 “ “ 44 “

“Vemos que poucas famílias de trabalhadores podem obter a alimentação, nem dizemos do marinheiro ou do soldado, mas mesmo do presidiário. Em média, cada preso na Bélgica custou diariamente, de 1847 a 1849, 63 cêntimos, o que dá, em relação aos custos diários de manutenção do trabalhador, uma diferença de 13 cêntimos. Os custos de administração e vigilância se compensam, em contrapartida, pelo fato de que o presidiário não paga aluguel […]. Mas como é possível, então, que um grande número, e, poderíamos dizer, a grande maioria dos trabalhadores, viva em condições ainda mais econômicas?

Só podem fazê-lo recorrendo a expedientes cujo segredo apenas o trabalhador conhece: reduzindo sua ração diária, comendo pão de centeio em vez de pão de trigo, comendo pouca carne ou até mesmo nenhuma, fazendo o mesmo com a manteiga e os condimentos, amontoando a família em uma ou duas peças, onde moças e rapazes dormem juntos, frequentemente sobre o mesmo colchão de palha, economizando no vestuário, na roupa de baixo, nos meios de limpeza, renunciando aos lazeres dominicais, em suma, dispondo-se às mais dolorosas privações.

Uma vez alcançado esse limite extremo, o aumento mais ínfimo nos preços dos meios de subsistência, um desemprego, uma doença multiplicam a miséria do trabalhador e o arruínam por completo. As dívidas se acumulam, o crédito é recusado, as roupas, os móveis mais necessários são recolhidos pela casa de penhores e, por fim, a família solicita sua inscrição na lista dos indigentes”.

De fato, nesse “paraíso dos capitalistas”, a menor variação nos preços dos meios de subsistência mais necessários é seguida por uma variação no número de óbitos e delitos!

 

Veja também Gestão de Obra Segundo Karl Marx

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