A educação antes que se promulgasse a lei fabril emendada de 1844, não era raro que os certificados de freqüência escolar viessem assinados com uma cruz pelo professor ou professora, pois eles mesmos não sabiam escrever.
“Ao visitar uma escola que expedia tais certificados, impressionou-me tanto a ignorância do professor que lhe perguntei:
‘Desculpe, mas o senhor sabe ler?’ Sua resposta foi: ‘Bom… alguma coisa (summat)’. Para se justificar, acrescentou: ‘De qualquer modo, estou à frente de meus alunos’.”
Durante a elaboração da lei de 1844, os inspetores de fábrica denunciaram a situação vergonhosa dos locais chamados de escolas e cujos certificados eles tinham de aceitar como plenamente válidos do ponto de vista legal. Tudo o que lograram foi que, a partir de 1844, “os números no certificado escolar tinham de ser preenchidos pelo próprio professor, que também tinha de assiná-lo com seu nome e sobrenome”.
Sir John Kincaid, inspetor de fábrica na Escócia, relata experiências semelhantes no exercício de sua função.
“A primeira escola que visitamos era mantida por uma tal de Mrs. Ann Killin. Respondendo à minha solicitação de que soletrasse seu nome, ela logo cometeu um deslize, ao começar com a letra C, mas, corrigindo-se de pronto, disse que seu sobrenome é que começava com K. Olhando sua assinatura nos livros de certificados escolares, reparei, no entanto, que ela o escrevia de diferentes maneiras, ao mesmo tempo que sua caligrafia não deixava qualquer dúvida acerca de sua inépcia para o magistério. Ela própria reconheceu que não sabia preencher o registro. […] Numa segunda escola, encontrei uma sala de aula de 15 pés de comprimento e 10 pés de largura, e contei nesse espaço 75 crianças a grunhir algo incompreensível”
“No entanto, não é apenas nesses antros lamentáveis que as crianças recebem certificados escolares sem nenhuma instrução, pois em muitas outras escolas, apesar de o professor ser competente, seus esforços fracassam quase que por completo em meio à turba desnorteante de crianças de todas as idades, a partir de 3 anos. Seus ganhos, miseráveis no melhor dos casos, dependem inteiramente do número de pence que ele recebe do maior número possível de crianças que possam ser espremidas numa sala. A isso se acrescenta o módico mobiliário escolar, a falta de livros e outros materiais didáticos e o efeito deprimente que exerce sobre as pobres crianças uma atmosfera viciada e fétida. Estive em muitas dessas escolas, onde vi turmas inteiras de crianças fazendo absolutamente nada; e isso é atestado como freqüência escolar, e tais crianças figuram, na estatística oficial, como educadas (educated).”
Na Escócia, os fabricantes procuram, na medida do possível, excluir as crianças obrigadas a freqüentar a escola, “o que basta para evidenciar o grande repúdio dos fabricantes contra as cláusulas educacionais” [2]
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